Anfitrião da COP-30 em Belém, Helder Barbalho diz que espera participação dos EUA: 'país precisa sintonizar estratégia às urgências ambientais'
Equipe do presidente eleito Donald Trump já atua para a possível saída dos EUA do Acordo de Paris, segundo o jornal New York Times. Retirada pode impactar em...
Equipe do presidente eleito Donald Trump já atua para a possível saída dos EUA do Acordo de Paris, segundo o jornal New York Times. Retirada pode impactar em negociações ambientais que serão discutidas na capital paraense em 2025. Um dos anfitriões da Conferência das Partes da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudança do Clima em 2025 em Belém, a COP-30, o governador do Pará Helder Barbalho (MDB) disse que espera a participação dos Estados Unidos, mesmo após a eleição de Donald Trump. "Os EUA são a maior potência econômica global e trarão prejuízos até 2030 estimados em US$ 900 bilhões ao planeta, portanto isso tudo requer que o país tenha a compreensão da necessidade de sintonizar a estratégia americana compatível às urgências ambientais", afirmou Barbalho em entrevista ao g1. O presidente eleito dos EUA tem a equipe de transição já preparando uma série de ordens executivas para retirar o país do Acordo de Paris, segundo o jornal "The New York Times". O acordo é um documento assinado por vários países em 2015, com objetivo de manter o aquecimento global do planeta abaixo de 2ºC até o final do século. Um dos principais meios para atingir a meta é a redução de emissões dos gases que causam o efeito estufa - assunto que será discutido na COP. Trump já havia retirado os Estados Unidos do Acordo de Paris em 2020, mas o país voltou a cumprir com o tratado no ano seguinte, quando Joe Biden assumiu a Presidência. Agora, a previsão é que este acordo seja atualizado na COP de Belém, dez anos após a assinatura, com a nova Carta de Belém. Helder Barbalho afirma ser estratégico o diálogo entre Brasil e Estados Unidos para consolidar "uma nova economia verde global". "A COP na floresta amazônica será uma oportunidade para que as nações visitem o documento assinado há dez anos para avaliar aquilo que se comprometeram e o que fizeram, além de discutir o financiamento para que se possa criar soluções sustentáveis com a mobilização da iniciativa pública e privada para uma nova economia verde". LEIA TAMBÉM Trump diz em entrevista após vitória que fará plano de deportação em massa Vitória de Trump deve impulsionar sonho de Musk com Marte Economia verde Para Helder Barbalho, as propostas que o Brasil deve levar à COP de 2025 envolvem estratégias para equilibrar as emissões geradas por países, como os EUA, por meio de tecnologias já implantadas na Amazônia, como o mercado de carbono. "A economia norte-americana é fortemente atrelada à indústria, a maior responsável pelas emissões de gases de efeito estufa. O que se busca, neste momento, é a neutralização das emissões seja com tecnologias que possam reduzir as plantas que emitem, principalmente com a transição energética que reduz a dependência de combustíveis fósseis, mas também o mercado de carbono que é uma grande solução para neutralização", explicou. "As indústrias emitem, a floresta com fotossíntese capta carbono, e nós estamos (na Amazônia), portanto, em torno de uma solução para equilibrar esta agenda". O governador citou, ainda na entrevista ao g1, que o Pará realizou a maior venda de crédito de carbono já registrada: doze milhões de toneladas, que devem se converter em R$ 1 bilhão no 1º semestre de 2025. "Esses recursos serão distribuídos com povos indígenas, quilombolas, agricultura familiar, o que ajudará o governo do Pará a prosseguir na sua política de redução do desmatamento e das emissões. Portanto é uma agenda central para que nós possamos equilibrar o desafio do desenvolvimento em um modelo sustentável". COP-29 Antes da COP em Belém, a ONU promove a conferência este ano, que começa nesta segunda-feira (10) em Baku, no Azerbaijão. O Pará deve participar, pela segunda vez, do evento, com uma delegação menor, com cerca de 20 participantes, segundo Barbalho. Em Dubai, na edição de 2023, foram 32 pessoas. "Agora para Baku a delegação paraense se divide entre aqueles que estarão firmando parcerias, apresentando as estratégias do Estado, formando acordos; e aqueles que estão para conhecer a parte interna do evento, debruçados sobre os desafios de preparação da cidade, escutando a ONU, a atual presidência no caso do Azerbaijão, a respeito dos desafios que se apontam para que Belém esteja preparada, qualificada e pronta para fazer uma COP extraordinária no ano que vem". Na comitiva paraense estão alguns secretários, incluindo: Raul Protázio, secretário de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) Puyr dos Santos, secretária de Povos Indígenas; Vera Oliveira, secretária de Comunicação; Adler Silveira, secretário de Infraestrutura e Logística (Seinfra); Victor Dias, secretário de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica (Sectet); Renata Nobre, secretária adjunta de Gestão de Recursos Hídricos e Clima Rodolpho Bastos, secretário adjunto de Gestão e Regularidade Ambiental da Semas Belém do Pará vai sediar a próxima COP em 2025. Oswaldo Forte - Agência Belém Barbalho informou, ainda, que a delegação deve apresentar iniciativas da política estratégica de desenvolvimento sustentável no Pará, como: combate e redução das emissões e desmatamento; soluções de economias verdes, incluindo mercado de carbono, concessões florestais de restauro e bioeconomia; pagamento por serviços ambientais a povos tradicionais "Teremos a oportunidade de ouvir, conhecer desafios, aprimorar estratégias, trocar informações, seja daquilo que vimos em Dubai e vamos ver em Baku, e o que está planejado para que, no próximo ano, possamos fazer uma COP extraordinária, onde nós possamos garantir hospitalidade adequada, organização de cidade, garantia de obras que tragam mobilidade urbana, soluções e legado para a cidade de Belém", concluiu. LEIA TAMBÉM COP-29: Pará terá 'COP 30 Day', no Azerbaijão, para mostrar como irá receber evento da ONU Levantamento: como estão as obras que somam mais de R$ 4 bilhões em Belém